Com a temperatura mais amena do que a habitual, entre 0°C a 8°C, fica mais difícil do peregrino sair de dentro do saco de dormir, mas com a movimentação dos companheiros de albergue é quase impossível ficar alheio a mais uma etapa.
O desayuno deve ser feito em Foncebadón, pois as opções são quase nulas até El Acebo, onze quilômetros adiante.
A etapa se inicia com uma curta caminhada por trilha até a Cruz de Ferro, o ponto mais alto do Caminho Francês com 1.500 metros de altitude.
Uma das tradições do Caminho Francês é que todos os peregrinos devem alojar aos pés da Cruz uma pedra, de preferência do seu lugar de origem e que tenha o tamanho de seus pecados.
Assim, o peregrino diminui as cargas e culpas que vem carregando, continuando sua peregrinação até a Catedral de Santiago de Compostela muito mais leve.
Ao lado da Cruz de Ferro, encontra-se uma pequena capela consagrada ao apóstolo Santiago, além de uma área de descanso com fonte de água potável.
Voltando a trilha paralela a carretera, chega-se ao curioso vilarejo de Manjarín, com registro de seis habitantes.
O albergue, com capacidade para vinte pessoas, não tem luz elétrica e nem ducha, é administrado por um dos personagens mais carismáticos do Caminho Francês, Tomás Martinez, o último Templário.
Os hospitaleiros oferecem desayuno aos peregrinos que por ali passam. O albergue funciona através de donativos e venda de artesanatos feitos pelos próprios hospitaleiros.
Todos os dias, Tomás informa as condições de tempo e do Caminho através das redes sociais. Uma figura integrada a natureza e a era digital.
O Caminho segue em direção a El Acebo, onde a descida é acentuada e um verdadeiro calvário para os joelhos dos peregrinos.
Os bicigrinos devem seguir com muito cuidado pela carretera, pois as curvas são bastante fechadas e com alto indíce de acidentes.
Ao iniciar a descida é possível ver todo o vale e os traços da cidade de Ponferrada ao fundo.
Em El Acebo, primeiro vilarejo da região do El Bierzo, o peregrino conta com albergues, bares e mercado, sendo uma ótima opção de parada para descanso.
A descida até Riego de Ambrós continua com a mesma intensidade anterior, forçando os joelhos ao máximo. Muitos peregrinos preferem seguir pela carretera, afim de amenizar a força da gravidade.
Em Riego de Ambrós, povoado com apenas 600 metros de extensão, é possível encontrar albergue, bar e fonte de água potável junto a praça de San Sebastián.
Apesar de ser considerada uma das mais belas etapas do Caminho Francês, esta também pode ser considerada a mais dura para as pernas do peregrino.
As setas amarelas em direção a Molinaseca alternam entre carretera e trilha até chegar ao Santuário de la Virgen de las Angustias, séc. XVII, situada aos pés da ponte medieval que dá acesso a cidade.
O rio Meruelo convida o peregrino a um merecido descanso, junto a ponte e a piscina natural. No verão, época das férias escolares, essa área fica lotada de crianças e jovens.
Em Molinaseca há várias opções de hospedagens, além de bares, restaurantes, mercado, farmácia, padaria e caixa eletrônico.
Pela paisagem e o clima ameno da montanha, muitos peregrinos encerram a etapa em Molinaseca, após a dura descida do El Bierzo, até que não é má idéia.
Para o peregrino que decidir acompanhar as setas amarelas que passam em frente ao pitoresco albergue de peregrinos e seguir em direção ao vilarejo de Campo, há que ficar esperto para não perder a escondida sinalização e seguir pela carretera até o povoado de Campo.
O vilarejo de Campo conta com fonte romana, ermita del Santo Cristo, Igreja Paroquial de Nuestra Señora de la Encina e um pequeno bar.
Ao sair do povoado, o peregrino já se encontra nos arredores de Ponferrada, cidade dos Cavalheiros Templários e seu grande Castelo.
O albergue paroquial San Nicolas, com 180 camas e ótima estrutura, é lugar de iniciação de muitos peregrinos para Santiago.
Além do Castelo, Ponferrada conta com várias opções de hospedagens, bares, restaurantes, farmácias, caixa eletrônico e serviços variados.