"ATENÇÃO - Etapa realizada em novembro de 2015, no outono e foi elaborada seguindo o padrão que eu tenho visto em vários sites, blogs e guias sobre o Caminho Português da Costa, longe de eu ter seguido esse roteiro."
Primeiro, porque acho muito chão pra andar numa etapa só e segundo, é que, quem caminha trinta e sete quilômetros num dia só, acaba não curtindo o próprio Caminho, pois não tem tempo.
Então, decidi descrever a etapa até Póvoa de Varzim e dar as dicas até lá, até porque levei dois dias para realizar esse trecho. Enfim... Caminhos!
Após ficar dois dias curtindo a cidade do Porto e visitar alguns locais que havia deixado de fazer na minha primeira visita a cidade, segui adiante. Você pode ver mais detalhes da cidade em Caminhos pela Europa, Porto.
Escolhi seguir Rumo a Santiago de Compostela pelo Caminho Português da Costa, iria aproveitar as condições climáticas favoráveis e tentar chegar a Catedral num dia de sol, uma proeza que tive o prazer de realizar por três vezes.
Em 2011, ano que conheci a peregrina Tânia Lamarques, havia tido a experiência de caminhar o Caminho Português ao revés, ou seja, de Santiago ao Porto. Foi uma aventura ter que seguir as setas amarelas ao contrário, fazendo com que eu me perdesse em alguns lugares, mas não foi o bastante para impedir com que eu chegasse ao meu destino.
O trajeto Porto ao Santuário de Fátima e posteriormente a Lisboa fiz de ônibus, ou autocarro, e foi daí que veio a ideia de retornar a Portugal para fazer o Caminho Português desde Lisboa.
Comparações com outros Caminhos sempre haverão, mas o Caminho Português também tem seus encantos e decidi que era hora de conhecer as belezas da Costa Portuguesa, assim como conheci as belezas do Caminho do Norte que segue praticamente pela costa espanhola.
Se o peregrino começar a caminhar desde a Sé, não tenha dúvidas em descer para a Ribeira e seguir pelo passeio que segue toda a extensão do Rio Douro. Aqueles que começarem pelos albergues espalhados por toda a cidade o conselho é o mesmo, caminhe até o Rio Douro e Buen Camino!
As primeiras setas amarelas aparecem timidamente, mas a cada quilômetro percorrido a frequência aumenta. Pra quem tem um visual deslumbrante para apreciar a cada momento, pra que se preocupar com setas amarelas?
Como carregava comigo um exemplar do Guia do Caminho Português, 2013, de Antón Pombo, tinha sempre uma referência até o Porto, agora as surpresas iriam começar, pois sobre a Costa só havia escutado relatos.
Posso dizer que mesmo tendo iniciado a caminhar tarde, não houve nenhuma dificuldade em chegar a Matosinhos, local onde se pode ter uma refeição ou aqueles que preferem pegar o metrô para sair do caos da cidade, iniciar a etapa.
Ao cruzar a ponte sobre o Rio Leça, chega-se a cidade de Leça da Palmeira e novamente é só seguir em direção à Costa para seguir as setas amarelas. A minha primeira etapa foi só até aqui, isso porque iniciei a etapa muito tarde, pois perdi a hora visitando alguns locais no Porto, mas daqui até o próximo albergue em Labruge são doze quilômetros, duas ou três horas de caminhada.
Para aqueles que iniciarem a etapa cedo, o Caminho Português da Costa está apenas começando e a paisagem ajuda a caminhar, ainda mais que fizeram umas trilhas pelas dunas, horas caminhas pela areia e horas caminhas em passarelas de madeira sobre elas.
Muito bom o projeto de preservação das Dunas e digo que isso só melhorou para o peregrino, pois não é preciso fazer tanto esforço caminhando pelas passarelas ao invés que caminhar sobre a areia. Olha as coisas melhorando!
Sinceramente, fiquei muito impressionado pela força das ondas das sucessivas praias pelas quais passei, então se o peregrino tiver a ideia de dar um mergulho que o faça acompanhado ou em algum local sobre vigilância dos salva-vidas, pois as ondas por ali são tipicamente as melhores para os profissionais do surfe.
Outra coisa que me surpreendeu bastante foi a descoberta de que há muitas opções para alimentação. Bares, quiosques e restaurantes estão espalhados em todas as praias, então não há muita preocupação de carregar peso com mantimentos. É claro que devido ao calor, sol e a salinidade carregada pelo vento, à preocupação com a hidratação deve ser redobrada.
Também é possível encontrar pequenos mercados pelo percurso e local para um descanso ou piquenique é o que não falta.
Chega-se facilmente a Vila do Conde, onde além de albergue de peregrinos é possível encontrar todo o tipo de serviços. Infelizmente não conheci o albergue, mas a amiga peregrina americana se hospedou por lá e me disse que é formidável.
Como havia pensado em ficar em Póvoa do Varzim segui o meu Caminho até lá. Não muito longe, apenas mais cinco quilômetros de caminhada, ou, mais uma hora apreciando as lindas praias portuguesas e o pôr-do-sol.
Dificuldade também nenhuma, pois é só seguir em direção a “Avenida do Brasil” pela Rua Sacadura Cabral, é quase como caminhar pelas ruas do Rio de Janeiro!
Chegando às imediações de Póvoa de Varzim já se vê a movimentação do pessoal praticando esportes pela orla, caminhada, corrida, skate, bicicleta... É um vai e vêm de gente que acena e olha com curiosidade a passagem de mais um peregrino. Ainda mais em época baixa!
Os portugueses ainda estão se acostumando com a passagem de pessoas carregando uma imensa mochila nas costas em direção à Espanha, para eles o fluxo normal de peregrinação é em direção a Fátima.
E esse fluxo de peregrinos deve aumentar ainda mais com a melhora da infraestrutura direcionada ao Caminho Português da Costa, além da melhoria da sinalização e a construção dessas vias sobre as dunas.
É complicado para as associações e pessoas que trabalham exclusivamente em prol dos Caminhos Portugueses e de Fátima, pois nem sempre eles são consultados sobre as ações de melhorias, e nem sempre o resultado é o melhor para o peregrino ou o Caminho em si. Enfim, política!
Deixando isso de lado, a primeira etapa do Porto a Póvoa de Varzim pode ser feita facilmente, isso se o peregrino começá-la cedo. Mas se puder observar no mapa do Google, poderás ver que existem algumas opções de hospedagem pelo trajeto e assim poderás determinar o seu ponto de encerramento quando achares apropriado.
Para quem decidiu ir diretamente a Póvoa de Varzim e encontrar as portas do albergue fechadas, poderá pegar informações na Igreja de São José do Ribamar que fica quase em frente.
Mas adiantando algumas informações, o albergue funciona através de donativo, com quartos separados para homens e mulheres, com duchas e área de convívio. Estavam fazendo algumas melhorias e tratamento contra os malignos “Chinches”.
Fiquei hospedado num quarto e uma peregrina, dessa vez canadense, ficou hospedada no outro quarto, não tivemos nenhum problema com esses rapazes. Graças a Deus!
Para aqueles que desejarem assistir a Missa, a Igreja de São José do Ribamar realiza todos os dias da semana às 19hs. Para jantar é fácil encontrar um restaurante para deliciar com a comida local, o prato mais famoso é a Pescada à Poveira.
Depois de um dia de trabalho nada mais justo de finalizar a a etapa com umas copas de vinho verde, tradicional na região.
Próxima etapa... Esposende!