"ATENÇÃO - Etapa realizada em julho de 2011, no verão e foi realizada ao revés, de Rates ao Porto em direção à Fátima, no início seguindo as setas amarelas ao contrário, passando a seguir as setas azuis no território português. Mas, não importando a direção, todo o trajeto é conhecido como Caminho Português Central e assim está descrito!"
A primeira vista o peregrino deve pensar na maluquice de fazer uma etapa longa como essa, ainda mais quando temos a famosa serra da Lambruja no meio do percurso.
Bom, também é fato de que a partir desta etapa o peregrino deve estar mais acostumado com a rotina do Caminho Português e descobrirá que a caminhada sobre a famosa serra está mais para um passeio.
Mas, para os que quiserem as opções de hospedagem estão cada vez maiores, podendo delimitar o final da sua etapa a qualquer momento e em qualquer lugar, o Caminho é pessoal e cada um pode fazê-lo de sua maneira.
Fazer as chamadas etapas clássicas hoje em dia não são mais interessantes, isto porque no final dessas etapas o peregrino encontra muita gente e pouco espaço.
Ao sair para o Caminho, faça como os antigos peregrinos, pare quando estiver cansado, coma quando estiver com fome e caminhe até onde quiser.
Dito isso, pode-se chegar em Tui em 8 horas, pois a etapa além de ser praticamente plana nos dez primeiros quilômetros e nos últimos quatorze, tem uma descida de três quilômetros e pra baixo todo Santo ajuda.
Lembrando que nesse meio, o peregrino encontra o albergue de peregrinos de Rubiães, então nada de extrapolias. Não é necessário ficar em pânico para continuar!
Deixando ponte de Lima para trás, o Caminho segue por uma pequena trilha de terra até atravessar a N-202, continuando até passar por baixo da A-27 em direção a Arcozelo.
Aí o perergino encontra a Igreja de Santa Marinha de Arcozelo, séc. XII. Do templo primitivo subsistem alguns modillhões com cabeças de animais, o portal principal é do Séc. XVI, a capela-mor e a fachada acusam a reforma setecentista.
Sem muitas opções de comércio nessa primeira parte da etapa, o peregrino deve se abastecer principalmente de água sempre que possível. Algumas fontes de água encontram-se carteletes de informação de "Água Não Potável", deve-se ter cuidado!
Ao chegar na passagem pela A-3 o peregrino já terá percorrido 6 quilômetros da etapa, isso daria mais ou menos uma hora de caminhada, em sua maior parte na sombra.
Seguindo por mais 4 quilômetros, o peregrino começa a subida a Serra, mas antes de pegar a parte mais cansativa e pesada, há um ponto de parada e descanso junto a Capela em direção à Lambruja.
Nesse local é possível encher os cantis e comprar algum mantimento para comer na travessia. São cinco quilômetros de caminhada até o ponto mais alto do Caminho Português Central, que é de 445 metros de altitude.
Comparando com outras rotas esta elevação de altitude chega a ser piada e o peregrino que já vem caminhando desde Lisboa não sentirá nenhuma dificuldade.
Essa é a parte mais arborizada e em contato direto com a natureza que o Caminho Português Central apresenta, é claro que em algumas ocasiões, pode-se haver manipulação da floresta ou queimadas.
Ficar muito ligado nas notícias de queimadas, principalmente no verão, época que isso mais acontece!
A travessia nã dura muito, apenas sete quilômetros, mas é o bastante para os mais aventureiros e o suficiente para os menos preparados.
Começa aí uma caminhada plana por uns dez quilômetros em 300 metros de altitude, nesse intervalo o peregrino encontra com o Albergue de Peregrinos de Rubiães e outras opções de hospedagem.
O maior problema é encontrar opções para comer, assim a melhor estratégia é comprar algo no mercadinho antes de subir a Lambruja e fazer a própria comida ao chegar no albergue.
Há também uma opção de restaurante um pouco mais a frente, nas margens da M-514 (assinalada no mapa), em 2011 já estava disponível.
Para aqueles que decidirem seguir adiante, pode-se visitar o albergue, utilizar o banheiro, repor a água do cantil e descansar um pouco, além de carimbar a Credencial do Peregrino.
Dependendo da performace do peregrino, esta primeira parte da etapa pode ser feita facilmente em 4 horas, para aqueles que decidirem seguir, serão pelo menos mais 4 horas de caminhada até Valença.
Após deixar o albergue de Rubiães para trás, há um café poucos metros à frente para aqueles que precisarem de um estimulante para seguir viagem.
o Caminho Português continua a seguir por pequenas trilhas e estradas locais, nessa etapa o destaque fica por conta da farta vegetação e sombra, mesmo que a pequena serra atrapalhe o rendimento dos mais cansados, a paisagem ajuda a afastar o cansaço das pernas, incentivando o peregrino a caminhar.
Quase todas as localidades possuem sua Capela, cemitério e Café, então sempre que for necessário o peregrino poderá fazer uma pequena pausa de descanso e beber água.
Ao chegar na parte baixa e plana, o Caminho segue por ruas e estradas asfaltadas, lembrando que a grande e última cidade portuguesa está chegando.
Chegando na N-13 o peregrino pode ter certeza, Espanha está há poucos quilômetros dali, ou melhor há 4 km de distância.
Para aqueles que partiram desde Lisboa, o sentimento de melancolia e saudade deve ser grande, para aqueles que começaram no Porto, o sentimento é mais de excitação por chegar tão rapidamente em terras galegas.
Não importando a origem de início, a cidade vai ganhando forma e a parte da antiga Fortaleza vai se aproximando. Nos arredores da cidade antiga encontra-se o albergue de peregrinos de Valença, além de farto comércio.
O peregrino pode encerrar a sua etapa por ali mesmo e aproveitar pela última vez das delícias da culinária portuguesa, visitar a própria Fortaleza e fazer a travessia da ponte internacional pela manhã.
Essa é a minha recomendação pessoal, pois além disso tudo que citei acima, a cidade tem muito para se ver, comer e visitar, desperdiçar essa oportunidade seria imperdoável.
Quando passei por aí em 2011, era manhã, eu havia partido de Tui e passei uns bons momentos visitando a cidade pela manhã.
Outra informação importante é que são apenas dois quilômetros de distância de um lado para o outro, o peregrino tem a opção de terminar a etapa do lado de que melhor o agrada!
Para aqueles que decidirem seguir adiante, logo após a travessia da Ponte Internacional Portugal/ Espanha, chega-se ao Centro Antigo da Cidade de Tui, com a belíssima Catedral de Santa Maria dando as boas vindas ao peregrino e aberta até às 20h no verão.
O albergue de peregrinos de Tui está localizado nas proximidades da Catedral, é um pouco escondido, mas é só dar a volta na Catedral para encontrá-lo, tem 36 camas disponíveis e é administrado pela Junta de Galícia.
Algumas pessoas acabam recomendando outros albergues na cidade, não sei se por desconhecimento ou por motivos econômicos, mas há bastante opção de hospedagem em Tui.
Para aqueles que quiserem comemorar a troca de fronteiras, não faltarão opções de restaurantes e bares.
A vista da parte de cima da cidade é outro fator impressionante, principalmente no final de tarde, vale à pena perder alguns minutos passeando pelas ruas dessa antiga cidade, meio que fortaleza, meio que monastério.
E assim se foi mais uma etapa, longa em quilometragem e cheia de surpresas, muita superação e aventura, muito de Portugal e um pouco de Espanha.
Agora o peregrino já está em solo galego, onde todos os Caminhos convergem para Santiago de Compostela e em quatro dias o peregrino se encontrará na Praça do Obradoiro, local onde o verdadeiro Caminho começa!
Próxima etapa... Redondela!