Antes de iniciar a etapa o peregrino tem que decidir qual a rota que irá seguir para Santiago de Compostela, isso porque é em Santarém que o Caminho de Fátima se afasta do Caminho Português Central.
As setas azuis seguem para a esquerda na rotatória central de Santarém e as amarelas para a direita, em direção ao Parque das Portas do Sol onde se encontra a Porta de Santiago.
Se escolher sair cedo, verifique o funcionamento da lanterna para ser utilizada na descida, pois além de escuro a ladeira é de terra batida e pode esconder algum buraco ou raiz de árvore.
Descendo o morro, o peregrino se depara com o cruzamento da N-114 com a N-365, seguindo por esta por uns 500 metros até o Chafariz de Palhais, peça da segunda metade do século XVIII desenvolvida num paredão ornamentado com pares de pilastras adossadas no estilo rococó.
O peregrino agora se encontra em estrada rural, por meio de plantações de milho e cereais, às vezes alguma plantação menor de abóbora, tomate e outros tipos de vegetais, mas em sua maioria o milho prevalece. Não há cercas dividindo as plantações, mas o que tudo indica é que fazem parte da agricultura familiar.
Seguimos por essa estrada até chegar ao Vale da Figueira, 14 quilômetros distantes de Santarém. Nesse pequeno povoado é possível tomar um pequeno-almoço e realizar a primeira parada para descanso.
O café da manhã português tipicamente é o café com um sanduíche, o suco geralmente é industrializado e em garrafa, por isso a importância de se preparar no dia anterior, comprando uma fruta e preparando algo para o desjejum.
Não tive problemas em pedir um café com leite e comer o meu próprio pão na varanda do café Val'Doce, que está localizado na Vila. Lembrando também que os portugueses preparam as melhores pastelarias da Europa, facilmente encontradas ali no Café.
Atravessando a pequena localidade ainda encontramos outras cafeterias, além de uma farmácia e um mercadinho para pequenas provisões. Lembrando que não há opções de fonte de água potável pelo Caminho, então esta é a hora de encher os cantis.
O próximo vilarejo é Reguendo de Alviela, vila com apenas 30 moradores e está distante a oito quilômetros do Vale da Figueira, mais uma vez o peregrino segue por estrada rural sem muitas alterações da paisagem rural antes vista.
O peregrino que optar fazer esse trajeto nos meses de inverno tem que ficar ligado na previsão do tempo, muitas vezes este trecho fica alagado devido à subida das águas do rio Tejo (ler mais em: http://www.cmjornal.pt/maissobre/reguengo-do-alviela).
A próxima vila é a de Pombalinho, um pouco maior que a anterior com os seus 500 habitantes, também é vítima das enchentes do Rio Tejo em Janeiro. Aqui nesse povoado é possível comer algo e descansar antes de seguir até Azinhaga do Ribatejo, distante mais cinco quilômetros de acordo com o GPS.
Azinhaga ou Azinhaga do Ribatejo tem um pouco mais de 600 habitantes, mas é famosa por ser a cidade onde nasceu o Nobel de Literatura José Saramago e que retrata bem a sua cidadezinha através de seu livro "As Pequenas Memórias".
Em Azinhaga se encontra restaurantes, pousadas, cafés e um pequeno museu sobre o Saramago, além de poder visitar a Igreja Matriz que em algumas ocasiões expõe trabalhos artísticos.
Voltando para o Caminho de Santiago o peregrino agora tem que encarar os últimos nove quilômetros até Golegã, local onde se encerra mais uma etapa proposta pelos Guias do Caminho Português.
O interessante é apontar a discrepância entre as distâncias apontadas nos guias diversos do Caminho Português de Santiago, todos indicam 30,5km entre Santarém e Golegã e não os 40km marcados pelo GPS.
Enfim, o peregrino deve estar preparado para percorrer todo o trajeto do dia, carregar consigo alguma fruta e sanduíche para matar a fome, não se esquecendo de abastecer sempre que puder o seu cantil.
Fora a distância, o percurso é tranquilo e todo plano, vezes anda-se em asfalto e vezes em estradas de terra. É um trecho tranquilo e bem agradável para caminhar e acredito que pode ser feito em oito horas de caminhada, com as devidas paradas para descanso e pic-nic.
Em Golegã, o peregrino encontra alojamento nos Bombeiros Voluntários e em dois albergues privados. Há também mercados, restaurantes e todos os serviços.
Para os mais preparados, pode-se andar mais seis quilômetros até a localidade de São Caetano, nesse pequeno povoado também é possível encontrar refúgio numa pequena Casa Rural a preços turísticos.
Próxima etapa... Tomar, terra de Templários!