Não vou mentir, mas essa etapa é tão longa quanto as anteriores, apesar do aplicativo ter marcado apenas 32.5 km por eu ter esquecido de ligá-lo no início e o Maps marcar 32.9km, acredito que essa etapa tenha pelo menos 40km.
Há alguns pontos de discordância com o guia que trazia comigo, alguns atalhos foram cortados como o do aeródromo e algumas alterações no percurso. Mas enfim, a etapa é traquila e bem mais interessante que a do dia anterior.
Dependendo da época, o peregrino não pode esquecer de voltar no Quartel dos Bombeiros Voluntários para deixar as chaves e pegar a Credencial, feito isso é só retornar ao Albergue e seguir as setas que partem dali.
Elas indicam o Caminho e mais uma vez o peregrino deve passar pela linha do trem e nesse caso apenas cruzar a estação de Azambuja pela passarela de acesso às plataformas.
Chegando ao outro lado seguimos pela estrada sempre em frente. De início se pensa que mais uma vez o peregrino terá que sofrer seguindo as autopistas portuguesas, até que uma seta nos envia para uma estrada de terra batida.
São estradas viscinais que dão acesso as grandes quintas e fazendas da região, uma surpresa boa e muito bem-vinda para os pés castigados dos dias anteriores.
Mas isso me faz lembrar que nessa etapa seria muito melhor se o peregrino carregar um pouco mais de provisão, principalmente água, pois são poucos os locais onde se pode comer nessa etapa.
Um deles é no Aeródromo de Alqueidão, que possui um bar, mas se você tiver muita sorte como eu... Ele poderá estar fechado!
Mas até chegar ali são poucos quilômetros, então dê uma parada para descansar e apreciar a paisagem. Avaliando o guia vi que o Caminho antes em vez de dar a volta no aeródromo, simplesmente o cortava, economizando alguns quilômetros de caminhada.
Nesse caso, continuando a seguir as setas em volta da pista de pouso e decolagem de pequenos aviões encontra-se a primeira placa dos albergues de Santarém. E o mais engraçado... Com um número de resgate!? Meio intrigante esse número, mas depois acredito que ele deve ser muito útil para alguns.
Falarei mais adiante sobre essa manobra de marketing e de utilidade pública, mas enquanto isso, apenas siga em frente. Se fosse você o copiaria na primeira vez que o visse. Rsrsrs!
Depois de virar a esquerda e sempre em direção ao norte de Portugal, O Caminho Português segue em direção a Reguengo e ao Vilarejo de Valada, onde o peregrino pode encontrar um bar, restaurante e uma bela paisagem para apreciar.
Por ali é possível tomar um banho no Rio Tejo. No verão há serviços de entrentenimento aos banhistas que invadem a região, com passeios de barco e bar na beira do rio.
Não acontece o mesmo em Outubro, onde as piscinas ficam vazias e a água está bem mais gelada. Mas tomar um cafezinho ou refrigerante apreciando a vista do Rio Tejo também não é tão mal.
O Caminho segue um tempo paralelo ao Rio e não muito distante de Valada o peregrino encontra uma opção de hospedagem antes de se chegar em Santarém. Quinta das Varandas, Turismo Rural, o preço não é equivalente ao dos albergues para peregrinos mas é uma opção.
Após esse ponto só Santarém interessa, mas é aí que as coisas ficam complicadas. A partir desse ponto não há mais nenhum local onde se pode encontrar água ou comida, então mais uma vez não esqueça de levar provisões.
Se o dia estiver quente nem toda água será bastante. Falo por experiência própria, pois minha água acabou justamente nos últimos cinco quilômetros e quase liguei para aquele tefone de emergência.
E acredito que a etapa ainda está pela metade, então sem muitas delongas o peregrino deve seguir sempre em direção a cidade que se encontra no alto da colina.
Um ponto positivo da etapa é terreno, se fosse por estrada asfaltada o estrago com certeza seria pior. Mas um ponto negativo é que depois da Quinta das Varandas o Caminho segue por entre plantações, então se espera encontrar alguma sombra pode esquecer!
Uma coisa que me entristeceu foi atravesar plantações de vegetais se estragando, não entendi, mas haviam tomates, pimentões, abóboras e outros vegetais para serem colhidos, mas que estavam simplesmente ali se estragando.
Não vou entrar no mérito pois não entendo nada de agricultura, mas com tanta gente faminta pelo mundo, aquele cenário me deixou bem pra baixo. E foi nesse cenário que fiquei sem água.
Santarém ficava cada vez mais perto, talvez uns oito quilômetros, duas horas de caminhada. O jeito foi respirar fundo e continuar, com muito sol na cabeça.
Quando o peregrino avistar o viaduto da auto-estrada A-13 lá na frente já pode abrir um sorriso no rosto e se preparar para os últimos cinco quilômetros até o centro de Santarém.
Não muito distante, o peregrino passa por outra pista de pouso e decolagem de pequenos aviões, seguindo para as redondezas da cidade. Prepare-se para a grande subida.
No meu caso, descansei alguns minutos antes de seguir e não vou mentir que pensei em ligar para aquele número de emergência diversas vezes, mas como sou um peregrino teimoso segui em frente.
De início se pensa que está perdido, pois as setas amarelas estão pintadas em intervalos bem largos, mas segue sempre a lógica de aparecer apenas em caso de mudança de curso.
Após contornar a pista, passar por alguns antigos casarões que aparentemente estão abandonados e passar por um pequeno túnel o peregrino enfim encontra com a ladeira da Calçada da Junqueira.
Aproximadamente dois quilômetros ladeira acima, em algum local se vê uma fonte mas com uma placa de água não potável. Melhor não arriscar e seguir em frente, pois mais adiante há um bar com uma boa caneca de cerveja gelada, ou água mesmo se preferir, lhe esperando!
Após subir a ladeira sinta-se vitorioso, pois você chegou em Santarém, local onde se encontra o túmulo de Pedro Álvares Cabral, a Ermida do Santíssimo Milagre, o Convento de São Francisco, os Jardins das Portas do Sol e muitas outras maravilhas.
Não posso deixar de citar o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém relizado em outubro, o mais relevante do género a nível nacional que é realizado na Casa do Campino, uma das catedrais da gastronomia portuguesa.
Passando pela Taberna do Quinzena e chegando a rotatória bem no centro da cidade, o peregrino tem várias opções de hospedagem, desde pensões, albergues turísticos e hotéis.
Há também um grande shopping center onde se pode utilizar da rede WiFi e da praça de alimentação, além de uma massagem numa dessas cadeiras automáticas... Foi uma maravilha!
Santarém é uma das primeiras grandes cidades que acompanham o Caminho Português e muita coisa pra ver e visitar, eu fiquei dois dias por ali, decidindo se seguia as setas azuis até Fátima ou as amarelas direto para Santiago.
Próxima etapa... De Santarém a????