A segunda etapa começa com uma pequena dúvida, pois as setas amarelas não seguem até a Estrada de Alfarrobeira. Ou o peregrino volta de onde parou ou segue a rodovia N-10 onde poderá segui-las novamente.
Tomando como base o Guia que trazia comigo tomei a decisão de seguir a nacional até mais à frente. Isso me deu a oportunidade de tomar café da manhã no MC Donald's, as setas são encontradas logo em seguida próximo do supermercado Pingo Doce.
A rodovia se transforma num corredor de acesso a condomínios, lojas e mercados de Alverca do Ribatejo, a velocidade nesse trecho é controlada e não oferecendo risco ao peregrino que caminha pelo acostamento.
Em Alverca do Ribatejo o peregrino pode visitar a Igreja dos Pastorinhos do lado direito na N-10 e a Igreja de São Pedro, localizada no lado esquerdo da rodovia e no alto do morro.
O Caminho Português segue pela área urbana de Alverca sempre pela N-10 até chegar nos arredores de Alhandra, onde o terreno de asfalto e calçamento continua mas com a paisagem começa a ficar mais interessante.
As setas passam em frente a Associação Humanitária do Bombeiros Voluntários de Alhandra e seguem em direção ao Cais, onde eu recomendo um pequeno descanso num dos bares que se tem por ali, é claro que a vista também deve ser apreciada!
Após um breve descanso, o peregrino segue ainda por calçamento pelo passeio ribeirinho, onde a comunidade local faz caminhadas e treinos de corrida. Toda essa área parece ter sido revitalizada recentemente, pois é visível a pintura nova nas paredes e pelos equipamentos.
Inclusive em alguns pontos foram feitos grafites exclusivos que integram a arte, o Caminho e a beleza natural do local. Acredito que nesse trecho o peregrino pode trocar as suas botas por um calçado mais confortável.
São aproximadamente 4 km até chegar ao Jardim Municipal no centro de Vila Franca de Xira, onde é possível acessar a rede WiFi Pública e descansar um pouco debaixo das sombras das árvores.
Se tiver alguma coisa para comer em sua mochila, essa é a melhor hora para isso, pois além do WiFi e da sombra, ainda é possível recarregar o cantil numa das fontes do parque.
Passado a parte boa dessa etapa, o peregrino sai de Vila Franca de Xira para se aventurar por trechos mais solitários e com alguns trechos de trilhas em terra batida, um alívio para os pés castigados em andar tanto tempo no asfalto e calçamento.
Em alguns momentos o peregrino pode se sentir meio que perdido, mas a sinalização no Caminho Português é bastante confiável e lógica, pois está presente nas encruzilhadas e locais onde pode se ter dúvidas qual direção a seguir, em alguns casos oferecendo mais de um opção.
Então não se apavore se ficar algum tempo sem ver uma seta amarela, principalmente em estradas muito longas e ainda mais ainda na N-10.
Esse trecho o Caminho Português segue paralelamente a linha do trem, num misto de estrada asfaltada e trilhas em terra batida e nenhuma proteção contra o sol, árvores são raridades nessa etapa.
A grade reta chega ao fim e o peregrino é direcionada para atravessar a linha do trem na estação do vilarejo de Carregado. Bem em frente a estação é possível encontrar pequenas tendas e cafeterias, uma boa opção para descanso antes de chegar em Azambuja.
As setas seguem pela estrada da Vala contornando a Termoélétrica de Carregado dobrando a direita em seguida. Segue assim um trecho longo e reto até Vila Nova da Rainha, onde é possível encontrar algumas opções para comer.
Após Vila Nova o Caminho volta a estrada, nesse caso as setas seguem pela N-3 por zona industrial e com trânsito intenso de carros e caminhões. Nesse trecho vale lembra de usar o colete reflexivo e caminhar sempre pela mão esquerda da estrada.
É um trecho altamente estressante e perigoso, pois mesmo com acostamento os carros passam muito próximos dos pedestres e sempre em alta velocidade. Notei também que muitos motoristas utilizam o celular enquanto dirigem, aumentando ainda mais o perigo para os pedestres e peregrinos.
E o Caminho Português segue pela N-3 até os arredores de Azambuja onde finalmente encontra-se o Albergue e o final de mais uma etapa.
Ao passar pelo posto de gasolina que se encontra na entrada da cidade de Azambuja, as setas amarelas nos direcionam para fora da N-3, dando um grande alívio para o peregrino.
Antes de seguir para o albergue é necessário passar no Quarteldo Bombeiros Voluntários de Azambuja, ali eles irão carimbar a Credencial do Peregino e fazer o registro para que se possa usar as intalações do albergue.
No meu caso, como estava sozinho e peregrinava no mês de outubro, tive que deixar a minha credencial no quartel, onde me deram a chave do albergue. Tive que retornar no dia seguinte para deixar a chave e pegar novamente a minha credencial. Mas nos meses de maior movimento há um hospitaleiro responsável pelo albergue.
Depois de carimbar e pegar a chave as setas seguem diretamente para o albergue que se encontra ao lado da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção.
Além da boa localização, o albergue conta com uma estrutura simples mas acolhedora, com uma pequena cozinha, área para lavar e secar roupas, chuveiro quente e camas beliches.
A cidade de Azambuja conta com todos os serviços de uma cidade grande, com dois restaurantes e a oficina de turismo bem próximos do albergue. Sem contar com a proximidade com a Igreja local.
Bom, em dois dias foram feitos mais de 60 km, o que normalmente seriam feitos em três dias no Caminho Francês. Uma dica é fazer alongamentos para que não haja nenhum tipo de tendinite.
Outra questão é a hidratação, diferentemente do Caminho Francês a estrutura do Caminho Português ainda é bem escassa, tendo que o peregrino se prepare bem antes de iniciar a etapa, carregando consigo mais provisão de água e comida.
Outra informação que me passaram é que os peregrinos que normalmente vão para Fátima, caminham em um só dia os quilômetros que separam Lisboa a Azambuja, mas fazem isso sem carregar mochila e todo o percurso é feito pela nacional.
Então, depois de avaliar os dois dias de caminhada, acredito que o melhor calçado para realizar a peregrinação pelo Caminho Português são os tênis do tipo trecking, mais confortáveis e com mais ventilação para os pés.
Outro item que eu incluíria em minha mochila é a refil da bolsa de água tipo Camel Bag. Isso porque os trechos são longos e ficar sem água nesses trechos é muito difícil.
Enfim, a etapa apesar de ser longa não apresenta nenhum tipo de dificuldade pois o terreno é praticamente plano. Sabendo que a cada parada é necessário se hidratar e fazer algum tipo de alongamento, não haverá nenhum problema para se chegar em Azambuja.
Agora é só tomar um bom banho, lavar as roupas para o dia seguinte e saborear um belo de um Menú del dia em um dos restaurantes da cidade de Azambuja. Se tiver sorte poderá ainda visitar a Igreja ao lado do Albergue.
Ah!!! E não se esqueça de deixar um donativo na caixinha do albergue e se registrar no livro de presenças que se encontra em um dos quartos.
Próxima etapa... De Azambuja a Santarém!